“A poesia não se entrega a quem a define.


Mário Quintana


sábado, 15 de outubro de 2011

Um sussurro qualquer...

Eu volto sempre pro mesmo lugar

Eu volto sempre pro mesmo lugar
Onde nos encontramos pela última vez
Quando eu vi que nos teus olhos
meu reflexo não estava alí mantido
E eu que te guardei nos meus,amigo

Eu volto sempre pra mesma canção
Aquela tão linda que você cantou um dia
Tua voz tão doce,tão suave e você tão distante
Que te trazia pra tão perto de mim
Pelo fio do telefone, num instante

Eu volto sempre pras mesmas lágrimas
As que eu derramei e você enxugou
Aquelas da nossa memória, que o tempo apagou
Aquele afago no rosto
E o beijo que ninguém roubou

Eu volto sempre pro mesmo lugar
Para aquela mesma solidão
Aquela que você deixou aqui
Onde tudo começou e tudo terminou
Tudo aquilo que te traz de volta pra mim.

Palavra do Dia!

Carta

Escrevi uma carta mas não enviei
Falava de sonhos e planos talvez
Chorava um amor que não esqueci
Contava da vida que nunca vivi

Escrevi uma carta mas não enviei
Declarava uma paixão e um sonho também
Uma brincadeira de amor que eu inventei
Com um Adeus no final que eu cantei

Escrevi uma carta mas não enviei
Tinha um coração rasgado em pedaços
Pedia um beijo,me contentava com o abraço

Escrevi uma carta mas não enviei
Por medo da tua resposta
Beijei o papel e depois rasguei.

Palavra do Dia!

Infância

Na ladeira que eu cresci
Hoje não tem mais criança
Nem as doces cantigas

Não tem mais corrida
de carrinho de rolemã
nem guerra d'agua e bexiga

Não tem joelho ralado
das travessuras cometidas
nem beijo pra sarar pela mãe dado

Não se ouve o ranger
da velha cadeira de balanço
da vó que cantava histórias

Não se ouve os gritinhos
eufóricos das crianças
quando viam algum bichinho

Não é mais azul ou verde o muro
a casa verde já não é mais amarela
e não se ouve mais a tia tagarela

Ah, que saudade de ser criança!!

Palavra do Dia!

Mascarada

Então ela pôs a máscara
Se despiu de tudo aquilo que já foi
Pra fingir ser tudo
Pra fingir ser nada

Ferir sem nada sentir
Mentir sem parar de sorrir
Olhar sem ter que amar
Abandonar, sem tempo pra sonhar

Acenar e não pedir pra ficar
Cantar sem parar para descansar

E na máscara cor de carmin
No espelho, não há reflexo verdadeiro
O que se vê é falso, passageiro
Escondeu sua alma enfim.