“A poesia não se entrega a quem a define.


Mário Quintana


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Devaneios


Alo, Romeu, eu to ligando porque escrevi umas coisas e como você não me atende, deve estar jogando futebol com o Paris e seus amigos, então eu resolvi falar por aqui mesmo...

Aqui é a sua Julieta... A Julieta que tem celular, email, carta de motorista e diploma de faculdade... A Julieta que não precisa pedir permissão pro pai pra namorar porque os pais foram morar na praia e não importa com quem eu namore, desde que ele não seja drogado e nem bandido, eles nem ligam se você  é cabeludo ou cheio de tatuagens e tenha um piercing na lingua ou no septo...

A sua Julieta não fica mais esperando você tacar pedrinha na janela porque no prédio tem interfone e não preciso ficar melancolicamente aguardando sua chegada jogada na cama,porque você não tem um pangaré branco, amarelo ou uma zebra listrada, você vem de Corsa, Fiat ou qualquer outra marca, que não me interessa... Não preciso mais ficar na janela ouvindo os cantos dos passaros(não que eu não goste, mas uma hora cansam..) porque já inventaram o mp3 e eu ouço as músicas que eu quiser enquanto você não vem... Posso até assistir as primeiras centenas de versões da nossa história, ou a enésima versão da história que estamos tentando mudar....
Posso reescrever poemas no meu tablet, reclamar da sua demora nas redes sociais, afogar miudamente a minha saudade com fotos e lembretes do seu rosto angelical...
Essa Julieta não precisa mais pedir pro Padre uma dose de veneno ou letárgico qualquer pra fingir que morreu pra poder fugir com você, porque somos maiores de idade nesse século e algumas coisas ficaram mais fáceis.... Essa Julieta já aprendeu na escola o que é sexo, desilusão amorosa e camisinha...
Mas essa Julieta, passe ano, passe século, passe autor , pena, lápis, caneta e computador... Essa Julieta, vai sempre, sempre por você morrer de amor...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Devaneios


Proteção sem saber

O ônibus sacolejou e eu coloquei a mão entre o vidro e a cabeça dele, meu melhor amigo, que dormia serenamente, aquele sorriso sempre de lado, meio coringa, meio maluco, meio criança, meio tanta coisa que não dava pra ser uma pessoa só, tinha que ser pelo menos umas 4 pra tanto meio que ele era...

Minha mão correu pelas costas dele, e ele se ajeitou no meu joelho dobrado como criança no colo da mãe, ele era meu melhor amigo, meu confidente, meu filho, onde eu colocava inutilmente todas as minhas frustrações, e ele moleque, brincava com elas como se fossem peteca e no fim do dia, só repousava e dormia sorrindo.

Ele parecia personagem de livro, eu juro, parecia um desenho animado, uma versão meio magrela do Robin ou uma versão mais comprida de um outro boneco de ação, e ria, como ria! Galante, vocabulário de adulto dos anos 50, e um sorriso encantador, esse era meu melhor amigo...
Comia que dava gosto de ver, se lambuzava e sorria, só ria, encantava qualquer pessoa com um brilho nos olhos que ninguém enxergava, ou que ele não mostrava pra ninguém além de mim... Enfeitiçava as pessoas como uma sereia com seu canto, atraía olhares e partia corações, de mim arrancava sorrisos e algumas orações.

E sempre que ele cansado repousava do meu colo, eu cantarolava um canção pra ele recobrar as forças, e eu sempre colocava a mão entre o vidro e a cabeça dele quando o ônibus sacolejava: Assim eu protegia meu melhor amigo que me protegia sem saber, apenas com um sorriso!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Devaneios


Acordei como se saudade fosse uma dor de dente

Que aperta bem lá no fundo, mas espalha por toda a cabeça e logo você já não sabe onde começa a dor... E ela apertou no peito, espalhou até me deixar meio zonza, e as lágrimas começarem a sair dos olhos involuntariamente encharcando o rosto e umidecendo a camiseta surrada do pijama.
Corri pro espelho tentando salvar a alma que parecia que queria pular também pelos olhos, tentei segurar, mas saíam só lágrimas, e as mãos tornaram-se pesadas, o fardo maior do que eu podia carregar, a boca já sentia todo o suor da alma, o salgado das lágrimas, o sabor da saudade que eu ainda tinha pra derramar.
Despi o pijama numa pressa descontrolada, querendo lavar o corpo como se a saudade fosse também sujeira, além de sabor e dor de dente que escorria num todo por mim... A água correu gelada incomodando a espinha, arrepiando os pêlos do braço e fazendo a respiração ofegar, depois descansando a testa no azulejo a saudade desceu pelo ralo e eu pude sair de casa vestindo um sorriso bonito escolhido a dedo da gaveta, depois de enxugar o resto de saudade na toalha que eu esqueci em cima da cama...

Devaneios


À beira da estrada pra lugar nenhum...
-Porque você me olha assim?
-Assim como?
-Como se você me conhecesse...
-Mas eu te conheço seu besta, nos conhecemos há uns 5..ou 7 anos?
-Não me importa, mas você me dá medo quando me olha assim...
-Ai, assim como, eu sempre te olho assim...
-Pois é, tenho medo sempre do teu olhar...
-Que bom saber disso depois de tanto tempo, eu paro de te olhar então...
-Não!
-Seu estranho, tem medo do meu olhar e não quer que eu pare de te olhar?
-Tenho medo de você parar de me olhar assim algum dia... De algum dia você parar de me olhar como se eu fosse a coisa mais interessante do mundo, como se eu fosse um extraterreste e você uma cientista maluca, como se você fosse uma criança e eu fosse o seu brinquedo favorito, como se eu fosse partir a qualquer minuto e você quisesse decorar cada traço meu, como se eu fosse o primeiro floco de neve que você estivesse vendo na vida, ou o último pôr-do-sol.... Tenho medo de você parar de me olhar...
-Te amo seu besta...
-Te amo sua maluca

Devaneios


Correspondências...

[Na portaria]
-Tem carta pra mim Geraldo?
-Tem não moça, ainda esperando notícias?
-Pois é Geraldo, ainda esperando, acho que vou esperar a vida inteira não acha?
-Logo chega alguma coisa... Assim que chegar eu ligo pra vir buscar, ou mando alguém entregar...

Depois de receber um comprimido de esperança de um segurança de condomínio, os passos lentos até o apartamento parecem ser uma peregrinação até a Nova Jerusalém (ou até Aparecida pra ser menos dramática...) O sol é forte e as frustrações pedem um banho e um copo de Coca-Cola gelada!
Me olho no espelho com olhos de quem não cabe no mesmo folhetim, e nem numa atualização de qualquer rede social... Frustrante.

Os peixes no aquário recebem sua porção de alimento e eu os observo, será que é assim com os sentimentos? A gente vai alimentando e eles vão permanecendo, crescendo, se multiplicando, até transbordarem no aquário do coração?
Será que funciona no inverso? Se pararmos de alimentar, como o peixe que morreu no mês passado, eu posso jogar ele pela descarga e ainda dizer pro meu priminho que uma fadinha se apaixonou por ele e veio buscar pra viver com ela como numa boba, mas reconfortante história infantil? Posso esconder um sentimento ilusório em uma outra ilusão? Seria saudável ou menos perigoso pro coração? Como aquela pele de frango que a gente coloca do lado do prato pra diminuir a culpa?
O telefone toca, uma, duas, três insistentes vezes:
-Moça? Sua carta chegou, quer que entregue? (O coração pula no peito feito o peixe suicida aquário...)
- Entrega pra mim Geraldo.
-Ok.
Alguns minutos depois a porta se fecha com um silencioso agradecimento e um par de mãos geladas segurando um envelope de papel.
Os olhos fixos num endereço qualquer, o nome sempre bonito de se pronunciar... Coloco a carta sob a luz do abajur e vejo a letra sempre tão incompreensível meio jogada de lado como quem tem pressa, cheiro o cheiro do tabaco forte e sempre amadeirado, as pontas do envelope sujas de qualquer coisa amarelada que não de dou ao trabalho de tentar descobrir, jogo-a longe e logo a recupero como quem descobre um tesouro ou um objeto favorito, escondo-a só pra ter o prazer de achá-la minutos depois, como criança travessa brincando de esconde-esconde.
A carta está em cima da escrivaninha faz 3 meses, intacta... Às vezes olho pra ela, seguro entre os dedos e repito a mesma brincadeira de esconder pra depois encontrar como se fosse surpresa, pra fingir uma saudade que eu não enterrei e só contei pro meu coração que uma fada levou pra morar com ela, assim como fiz com meu priminho, funcionou com ele, talvez funcione comigo... Nenhum peixe do aquário morreu esse mês.
Prefiro manter meu “peixe” alimentado assim, de migalhas, pra não morrer estufado nem de fome... Pelo menos por enquanto... Até trocar a água do aquário... 

sábado, 24 de novembro de 2012

Devaneios...


Sou desajustada sim!

Daquelas bem bipolares... Que chora vendo comercial de margarina e sai batendo o pé quando começa propaganda de supermercado...

Que devora um pote de sorvete de 200g e depois arrependida sobe de 15 em 15 minutos na balança pra ver se o peso continua o mesmo, e olha com revolta até pra folha de alface, como se ela fosse a culpada pelas calorias ingeridas anteriormente...
Que chora ouvindo músicas tristes, mas quando a playlist é alegre, fica revoltada e procura uma música que façam os olhos enxarcarem pra ficar se lamentando depois...

Sou a desajustada que conhece bem os olhares dos próprios amigos pra saber quando não estão bem e que finge ao máximo pra que ninguém desconfie que a unha quebrou ou que tomou um bolo do cara que estou caindo de amores (embora por dentro ainda ache que deva ser indicada pra receber um Amy ou um Tony por ser tão “boa” Atriz (fingidora))...
Sou a desajustada que ingere sem culpa seus comprimidos de estabilizador de humor pra depois bater no peito e dizer que não preciso disso (Ah se soubessem!)
Aquela que se apaixona por alguém uma vez por mês, mas ama um ou dois eternamente... Das pequenas alegrias, das euforias momentâneas e tristezas perenes, das poesias queimadas e prosas frustradas, das sessões infindas com a psicóloga que virou quase meu diário, porque nem eu sei tanto de mim quanto ela... Das manias e loucuras que todo mundo tem um pouco, santidades e atrocidades pessoais e intransferíveis como bilhete único e RG.
Dos amigos de conto de fada e operetas que ninguém assistiu, dos choros e velas que esqueceram de apagar, dos perfumes e crises que esqueceram de pintar, das cores e figurinos que ainda não vestiram no camarim...
Da desajustada que tem certeza que ninguém mesmo é tão normal... E que parece ser tão feliz assim!

domingo, 18 de novembro de 2012

Devaneios


Telefonemas...

-Alô? Oi, me responde uma coisa? Eu sou bonita?
-Como é? A voz de sono acusou que eu acabara de acordá-lo. 
-É, você ouviu, eu sou bonita, gostosa,  você me pegaria?
-Isso é coisa que se pergunte, sua louca? Bebeu?
-Não, mas eu quero resposta, sim ou não?
-Sei lá...
-Sabia, não devia perguntar isso pra um amigo... Devia ter perguntado pra um total desconhecido, que no mínimo, tentando alguma coisa, diria que eu sou gostosa  e perguntaria porque eu não apareço no apartamento dele...
-E você aceitaria?
-Se fosse um estranho bonito, quem sabe?
-Mas e se fosse um maníaco, vendedor de orgãos de mulheres desesperadas por aceitação assim que nem você... 
-Você tem cara de maníaco e vira e mexe eu vou pro seu apartamento... E até agora meus orgãos estão intactos, eu acho pelo menos... Bah, mulheres desesperadas por aceitação, é lógico, eu não tenho essa cara de maníaco sedutor rei dos movimentos pélvicos que você tem... Porque eu deveria ficar conformada e não perguntar se alguém me acha bonita?

-Eu te acho bonita...
-Demorou muito pra falar, vou pra rua perguntar pra algum estranho...
-Se eu passar de boné na sua frente você me pergunta?
-Você de boné é realmente estranho... Quem sabe.
-E se eu te convidar pra aparecer no meu apartamento, vai ser estranho também?
-Vai, mas você é um estranho que eu já conheço... Talvez eu aceite, se rolar uma breja e um pacote de Doritos...
-Então prepara a pergunta que em 10 minutos eu passo aí na porta...

E a minha cabeça martelou que em 10 minutos eu teria que fazer a pergunta que eu tive coragem de fazer somente por telefone... E que não recusaria se ele me chamasse pro apartamento dele, sentia falta do cheiro dele... Com tantos números pra ligar, eu fui direto pro número dele.... 9 minutos... Eu não recusaria um flerte ou uma mão no ombro, uma fungada na curva do pescoço e a barba dele roçando e me fazendo cócegas... 6 minutos... Descer as escadas tentando não parecer afobada, atravessar a rua e fingir olhar a revista de fofoca que eu odeio só pra ver ele se aproximar de boné e a camiseta de frase pronta que ele mesmo havia pintado...
-Oi, posso te perguntar uma coisa? Você me acha bonita? Seguido de um sorriso ridículo e esperando uma resposta nada convincente... Ele pegou na minha mão.

-Ei, você não vai me responder?
-Quando chegarmos no meu apartamento te respondo...
-E quem disse que eu vou com você pro seu apartamento...
-Quer a resposta sim ou não?

Numa falsa resistência, arranquei da sua mão o meu punho e segui rumo ao apartamento dele, 3 ou 4, ou 5 quadras de onde eu morava...

Subi as escadas com uma calma e com uma rotina já a ser seguida... Quando a porta bateu atrás de mim, os pêlos da nuca eriçaram, o bafo quente e descompassado de quem correu atrás de mim pelos degraus, sussurrando na minha orelha... Os dedos entrelaçaram e antes da boca atingir o meu pescoço, desvencilhei-me de pernas bamba até a cozinha, onde me esperava uma garrafa de Coca-Cola...
Beberiquei distraída, enquanto ele arrumava a sala aos tropeços, era impressão minha ou ele havia dado um jeito no apartamento? Vasculhei calcinhas e outros vestígios na área de serviço, como se não me importasse. Não achei nada, não me devia nada.

Sentei-me no sofá, abracei uma almofada e liguei a televisão com de costume... Ele só olhava, ora divertido, ora confuso, até que se sentou ao meu lado, ergueu as pernas e jogou-as sobre mim... Circulei os dedos em sua rótula, como sabia que ele gostava, era inconsciente, era diferente... Até que ele avançou, avançou com barba, cabelos e tudo o que não dava pra despir naquele momento.

Acordei na manhã seguinte no sofá, com as pernas vibrando em recordações, e ao meu lado um bilhete, aquela letra horrível dele que dizia:

"Você é bonita, você é gostosa, e sempre que tiver dúvidas, sabe onde encontrar um estranho que te console. Ass: Seu estranho"

Sorri, tomando mais um gole de Coca-Cola e massageando meu ego de mulher que precisa de aceitação e de um maníaco não contrabandeador de orgãos pra perguntar se eu sou bonita....

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Devaneios...


ndrome-de-querer-alguém...

Sou péssima em inventar desculpas e ótima em querer as pessoas por perto...

Assim, meio síndrome-de-querer-alguém-por-perto, se é que isso existe, e se não, deviam procurar mais, porque eu devo ter...
Sempre canso das coisas muito rápido, dos livros, dos poemas, dos bichinhos de feltro que eu esqueci de costurar e daquele tênis que antes eu não tirava do pé.

Mas me esqueci, ou esqueceram de me ensinar, a cansar das pessoas... Canso das coisas, não das pessoas, gosto dos sorrisos, dos trejeitos e acessos, observo silenciosa e volátil todo e qualquer movimento... Cansei do ursinho que ganhei de aniversário e dos cadernos que eu faço questão de comprar 1 por mês, ainda que eu não tenha escrito nada no último... Mas não cansei do cheiro de pele, do calor dos abraços, do brilho do olho. 
E talvez por isso, senti falta e senti uma falta que não batia na minha porta( se é que precisava bater pra entrar e bagunçar tudo)  há uns 4 anos... Saudade de estar perto de quem está bem longe...

Mas a falta já tá indo embora, porque o Frango Frito chegou e a garrafa de vinho já tá aberta(remédio melhor pros dias de Sindrome-de-querer-alguém-por-perto não tem)... Tem sim, ter alguém pra dividir a garrafa que já está na metade e ouvir as lamentações de quem cansou das coisas mas não das pessoas...

Devaneios...


Barba Rala

-E se ele me beijar o que eu faço? Pensava aturdidamente, tentando calar os impulsos animais que estava segurando a meses, ou semanas, ou dias, (ou um fim de semana), enfim, que estava segurando... E ele vinha, hirsuto, de barba cheirosa e o corpo que eu sentia saudade de ver sempre... Ver, não ter, porque nunca tive...
Me abraçou, o coração quase pulou, parou na garganta e eu fiz um esforço danado pra engolir ele de volta pro lugar(e o medo de cuspir ali, na frente dele, o coração feio e machucado que eu tinha e guardava a tanto tempo só pra mim? )Vai que ele se assusta e sai correndo, não é todo dia que alguém vomita um coração feio e machucado na sua frente.
Passou o braço na minha cintura e me puxou pra perto, e o cheiro do perfume dele invadiu meus pensamentos e bateu lá no baixo ventre, senti as pernas tremerem e o entremeio umidecer. Falou besteiras de um economista qualquer, franziu a testa quando comecei meu papo chato-heróico de falsa comunista, diva enrustida e bêbada sem licor. Passou as mãos atrás da minha orelha, sabia que me deixava tonta assim, olhou nos meus olhos e riu, riu aquela risada que me estremeceu o ventre, um sarcasmo, uma delicia, um deboche que eu não esperava, era só alguém que caía atrás de nós...
Na sala, ajeitou-se ao meu lado, pôs a mão em minha coxa e apertou com medo, como se eu reprovasse,(ah se ele soubesse o que se passava na minha cabeça),encostou os lábios na curva do meu pescoço, e eu segurei pra não tremer ou gritar. Ou pular em cima dele...
O beijo foi calmo e delicioso,  tinha aquele gosto de guaraná que tínhamos acabado de beber, porque o vinho tinha acabado... A mão foi calma e respeitosa(maldita mão respeitosa). Não prestei atenção nos 2 filmes que assistimos, só me atentei na respiração dele, a cada risada, a cada comentário humorista-fim-de-carreira que eu não podia criticar, me faziam rir...
E o dia terminou assim que o telefone tocou, boas ou más notícias simplesmente o fizeram passar pela porta.... Só um olhar de complascência que me irritou momentâneamente. Um tombo na cama e o pensamento que martelava insistente: E se ele não me ligar?

Palavra do Dia!


Sai de mim 



Sai de mim coração despedaçado
aqui dentro é frio e o vento corre calado

Os cortes da vida ainda não cicatrizaram

Sai de mim coração
que eu não quero sentir
não quero sorrir

Vai coração
descansa ali no canto ou sobre a mesa
te recolho quando tiver certeza
de te fazer feliz coração

Vai passear e se quiser não volta, prometo não trancar a porta

Sai de mim coração
e se sentir saudade do seu velho amigo
passa na minha janela
que eu te aceno pelo vidro

E se quiser chorar
chora quando chover
pra água esconder a lágrima
e a levar consigo a dor, tão amálgama

Palavra do Dia!



Aurora Boreal


O céu explodiu de azul e carmin,verde e luzes marfim
Era tudo movimento e eu me sentia bem ali
Podia brincar como as nuvens a luz do dia
Aquilo é uma bola ou andorinha?

Parece brincadeira, 
daquelas que a professora pedir pra fazer na infância
sujar as mãos na tinta,espalhar os sonhos no papel
e saber que era bom ser criança

E enfim no meu dia mais doloroso
eu reparei que todo mundo tem uma aurora boreal no olhar
não é mentira, vou te provar

Quando as lagrimas fizerem maré nos olhos, feche-os só um pouquinho
E o céu explode em azul e carmim
E todo o arco-íris que havia escondido dentro de mim...

Aceita um gole caro amigo?


Aceita um gole caro amigo? 
Não, não é qualquer tinto, é aquele seco, pouco fino.
Como sei que aprecia...
Um charuto também?
O de sempre?
Acenda-o aqui, jogue as cinzas alí...
E o que me trás sua ilustre visita?
Amando? Tu caro amigo?
Repita repita, penso estar ouvindo mal...
Amando?
E como ela é?
Carnuda, esguia, misteriosa, uma porta?
Perfumada tal qual o charuto que desfrutamos? 
Nada mal,  também não me agradam as com cheiro de leite e jasmins.
E o beijo? o toque?
Esqueça, as pernas, fale-me das pernas...

Mostrar-me?
O que diz? Me servir de um trago de vinho? Claro
O que é dessa vez homem? O charuto? Soltar a fumaça lentamente? Assim?
Assim é ela?! Amo-a também amigo!
Que louco resiste a um gole de vinho tinto seco pouco fino e a um trago de charuto?
Amo-a também caro amigo.. E seu nome?
Ah,só podia ser, cabe-lhe muito bem o descritivo.
Há mulher mais bela que o destino??

Palavra do Dia!


Vermelho

A terra é úmida
mas não tão quente
quanto o doce suor da sua boca

O lençol é macio e sem enfeite,
mas não tanto quanto seus seios,
ligeiramente pequenos, alvos e suaves,
como o leite

A Lua brilhante aponta no céu,
de setembro à novembro
negro véu

Mas teu olho cintila,delira
minha lingua na tua virilha

O sangue é viscoso 
e o hálito é fresco

Vermelho é o batom que eu roubo com um beijo....

Palavra do Dia!


Toque

Um toque
Um olhar
Que me custou a alma
Que me custou a carne
Que me custou mais do que eu podia pagar
Que custou a garrafa de vinho mais cara
Pra acalmar o estomago...

Se eu embriagasse as borboletas que 
agitadas voavam dentro dele
O toque dele não incomode tanto 
e não me custe tão caro da próxima vez...

Uma garrafa de vinho mais barata e uma partida de xadrez

Palavra do Dia!




Faz um Desejo

E será que meu desejo, vai assim se realizar
e eu finalmente,minha mão na sua vou entrelaçar?

E essa vontade vai um dia passar
Te acolher em meu peito e poder te abraçar?

E essa brincadeira de um do outro se esconder,
Mas que logo aparece pra ninguém se esquecer?

Vai então meu desejo enfim se realizar,
Eu digo que te amo, você vem pra me beijar!




Como não dizer Adeus!



Eu podia vê-lo, apoiada na porta a visão era bem melhor, não me importei muito se ele me veria ou não, mas ele estava tão absorto em seu violão, que acho que nem que se eu desabasse ali bem na frente dele, ele pararia de tocar aquela melodia que me invadia o coração, chovia lá fora, chovia muito, mas as gotas de chuva pareciam saber como ele queria que elas caíssem, porque elas acompanhavam a melodia q ele tocava suavemente, eu observava vidrada a fumaça que saia da boca dele, os olhos fechados numa entrega total a musica que eu ouvia, estavam presentes uma vulnerabilidade tão grande e uma força inexplicável, como se um muro se erguesse e eu não pudesse alcançá-lo... E ele estava lá, a poucos passos de mim, ainda encostada na porta, deslizei até sentar-me no carpete creme que ele amava e eu odiava, era confortável o momento, estiquei uma das pernas e abracei o joelho dobrado, tentei imita-lo na posição, mas eu n tinha um violão, nem seus olhos...
Olhei-o por mais um momento, poderia ter sido um minuto ou uma vida inteira, mas aquela era a melhor sensação do mundo, o cheiro dele em mim, o cheiro dos nossos livros espalhados por todas aquelas estantes, os cabelos desgrenhados e a barba q começava a crescer, ele jogou a cabeça p trás e eu o imitei, mas acabei batendo a parte de trás da cabeça na porta, gemi minimamente, não querendo tirá-lo de seu momento. Enquanto massageava a cabeça vi que ele sorria, sorria e olhava pra fora segurando o riso, não reclamei, não ri, só calei-me...

-Machucou? Disse sorrindo entre os dentes.
-Não, como você diz eu sou cabeça dura não é? Gemi como se estivesse brava...
- E bota cabeça dura nisso, dá uma olhada p ver se não amassou a porta. Ele riu
E eu resmunguei, e ele soltou o violão e veio em minha direção, sentou-se a minha frente, tomou minha cabeça entre as mãos e brincando disse:
-É, a porta não amassou...
Sorri, ele retribuiu e me beijou os lábios calmamente, aquele beijo que só ele podia me dar.
Separou os lábios dos meus e olhou pra trás, as malas no sofá da sala, as camisetas ainda pra dobrar, as calças ainda pra guardar, os lenços, as meias e os papéis...
Ele olhou pra baixo, beijei-lhe a testa e ergui-lhe o queixo, deixando os dedos em sua barba, fazendo circulos, ele fechou os olhos e suspirou e ficamos alí por um momento...
-Vou sentir sua falta sabe? Resmungou
-Não vai, logo você me esquece... Tentei falar divertida
Ele fechou a cara, como se eu tivesse ofendido a ele e as suas próximas gerações... Levantou-se, coçou a barba e voltou a concentrar-se em seu violão, agora as notas eram mais violentas, como quem sente raiva, a música era rústica e triste, mas ainda assim violenta...
Levantei-me, e fui em direção às malas, teria que guardar tudo, o que levaria e o que deixaria para trás, pus a mão sobre o peito, sussurrando baixinho sem olhar para onde ele estava :”Você também fica”. Ajoelhei em frente ao sofá e comecei a dobrar as camisetas, ri quando vi que entre elas estava a camiseta que ele mais gostava, mas não me atrevi a tirá-la do monte, levaria comigo, guardaria como o havia guardado em meu peito até hoje... Senti suas mãos trêmulas apoiarem-se em meus ombros, apertou-os como se estivesse me abraçando, e sentou-se ao meu lado, começando a dobrar as calças... Terminando, puxou a caixa de livros que estava à sua direita, vasculhou entre manuais, livros de política, poesia e alguns papéis soltos... Pequenos poemas que eu havia escrito pra ele e que ele nunca quis ler, ia levá-los comigo, eram meus afinal, eram a minha lembrança dele... Suspirou, e ficou de costas pra mim, respirou forte, e resolveu quebrar o silêncio que havia se instaurado entre nós:
-Você disse que não ia embora nunca.
-Eu já disse: Nunca diga nunca...
-Fica?
-Não posso. Vai comigo?
-Não quero.
-Assim é bem difícil...
-Você disse que eu era difícil, mas você tá sendo bem mais difícil que eu...
-Você está sendo dramático.... E eu sempre fui a dramática aqui... Você sabia que eu ia embora...
-Sabia com esperanças que ficaria, porque não pode simplesmente ficar?
-Não dá, você sabe disso, meu lugar não é aqui, você sabia disso desde o começo...
-Deixa eu ser o seu lugar, seu lugar é aqui, comigo, agora, como tem sido...
-Eu vou sentir sua falta...
-Você disse que eu vou te esquecer...
-Mas eu ainda vou sentir sua falta, até mesmo quando você postar foto no Facebook com a sua nova piriguete, loira de preferencia, e com cabelo liso, certeza, você sempre gostou das de cabelo liso....
-Eu gosto mais de você... Desajeitada e desarrumada.
-Ah que coisa linda pra se falar... Desajeitada tudo bem, mas desarrumada?
-É, como quando você fica depois do nosso beijo...
-A gente supera...
Levantei com os olhos querendo chorar... Não queria dizer Adeus, era dolorido demais, ainda faltava uma semana pra minha viagem... Mas ele me olhava como se faltassem segundos... Fui pra cozinha abri a geladeira e virei uma latinha de cerveja, sem vontade, só com gana de calar o choro...
-Tem mais uma? Ele disse apoiado na porta da cozinha. Fiz que sim com a cabeça e joguei uma lata pra ele, que bebeu vagarosamente, alternando goles e olhares no meu rosto vermelho, que eu tentava disfarçar culpando mentalmente a cerveja virada às pressas.
-Você podia tornar isso mais fácil pra mim não? Desabei a chorar, sentando no chão da cozinha. –Era tudo mais fácil antes de eu te conhecer, já estava acostumada a não deixar ninguém se aproximar e você vem e estraga tudo, e ainda faz com que eu me sinta a pior pessoa do mundo por não querer te dizer Adeus hoje, agora, ou daqui a dois minutos, eu só quero dizer Adeus no aeroporto, escondendo por trás do meu pior sorriso que eu sou forte, que eu não vou sentir sua falta a cada minuto...
Ele ajoelhou-se, e me tomou nos braços, calei o choro, permanecendo com os lamentos mentais e suspirando cada vez que sentia o cheiro dele...
-Não vou sentir sua falta, não gosto de mulher chorona...
-Mas você disse que me amava...
-Disse antes de você deixar cair a máscara e me mostrar a garotinha que você é... Certeza que não vou sentir sua falta. Ele sorriu, e eu incrédula, lí nos seus olhos que ele não queria dizer Adeus também, e ri, ele riu, rimos e nos abraçamos... Não haveria Adeus pelos próximos 5 dias.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Palavra do Dia!


Coincidências

Foram fatos
simples evidencias
estranhas coincidencias
que trouxeram sua lembrança
de volta pra mim

E eu pensando
se foi a minha essência
ou a saudosa inocência
que me fizeram lembrar de ti

O sorriso sempre aberto
o abraço refugio tão certo
De Euclídes a Assis
Eu lembro que eu era feliz

O coração sempre bondoso
O amigo mais carinhoso
De Fernando a Queirós
Que saudade que eu tenho de nós!

terça-feira, 31 de julho de 2012

O que acontece quando um escritor se apaixona por você?


O que acontece quando você se apaixona por um(a) escritor(a)?

Além de você começar a enxergar o mundo um pouquinho diferente, você descobre a imprevisibilidade, os versos deixados nos bolsos da sua calça favorita, o silêncio interminável enquanto ele(a) decifra quantos sorrisos você tem, quais os seus tiques e que seria possivel mapear seu rosto de olhos fechados,tamanho é o fascínio do momento, o temperamento estranho, que ri como se fosse criança pra daqui dois minuto cair no choro pela simples vontade de chorar, pela ansiedade irritante de um ser que não sai do computador ou da máquina de escrever enquanto não escreve o que quer, a revolta e a vontade de queimar tudo e de como ele(a) age querendo se isolar, te ignorando por dias pra depois vir com o jeito estranho de pedir colo silenciosamente, a distância no olhar, a presença no toque, a inconstância permanente e o medo de ele(a) nunca mais falar com você por não ter assistido o filme considerado essencial para vida... Da mania insuportável de ele(a)vagar o olhar por onde passa e sorrir feito idiota, pra depois tirar aquele bloquinho que você não acredita como ainda está inteiro, e escrever por alguns segundos, minutos, porque a ideia não pode se perder...

Mas, o que acontece quando um escritor se apaixona por você?

Seu olhar inchado de sono vai ser retratado como a visão mais linda num conto, sua mania de bater as pernas vai ser lida como a caracteristica de um personagem de uma história de suspense, porque é desse tipo de história que você gosta, o jeito que você caminha vai ser o jeito que o vilão vai caminhar, aquela sua camiseta verde que ele(a) adora vai estar no porta retrato de um dos filhos do casal, em cima da mesinha de mogno de uma crônica, os nós dos seus dedos, tão bem desenhados estarão em um poema, o despertador que apita irritantemente, o jeito como você penteia o cabelo, o fato de você nunca atender o celular e não usar relógio estarão em personagens que você nunca viu,eles não são você, nunca serão você,mas eles terão os mesmos tiques, a mesma risada,os mesmos hábitos alimentares irregulares, a mesma paixão por tal animal, o mesmo ódio por tal tipo de gente, eles terão aquela sua vontade de ser aquele super herói ou justiceiro, e eles serão protagonistas, heróis, vilões, ou o melhor amigo do mocinho, ou apenas um personagem sem importancia, mas que será essencial no desfecho da história, os dentes tão certinhos serão comparados a um farol desenhado numa paisagem pendurada na parede
Você saberá como ele(a) te vê lendo um poema, mesmo que você os ache um saco, tudo bem, ele(a) entende, porque você estará em cada letra, se ele não conseguir lhe dizer que te ama, ou que está triste, num poema ou história ele rasgará seu coração, pedirá perdão inúmeras vezes e fará declarações que ele não consegue fazer cara a cara, ele(a) é sensível, meio maluco(a) e vai se esvaziar de si mesmo pra se encher dos seus olhos, do seu sorriso, e do prazer de ver sua cara quando ele(a) fizer seu prato favorito. Ele(a) vai estudar todos os seus movimentos e mantê-los na cabeça pra usar em um personagem ou dois, ou em todos...


Enfim,se um escritor se apaixonar por você, você pode nunca morrer.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Palavra do Dia!



Mãos

Me estende as mãos, seja cúmplice
Do meu coração
Sorria daquele jeito meio de lado
Que eu te amo assim,calado
Deita em mim os teus beijos
Acende em mim teus desejos
Me abraça só com o olhar
Prometo que não vou lhe faltar
Estende pra mim as tuas mãos
Dança comigo essa canção
Viaja sem querer nas palavras mudas
Que eu escrever
Te sussurrarei versos e alguma poesia
Se jurares ficar na minha vida
Te contarei das paixões e seus sabores
Não vamos contar
Nenhuma das dores
Sem demora diz que me ama
E amanhã o café é na cama
Quero te dormir e acordar
Ver o sol, o teu rosto banhar
Estende pra mim tuas mãos
Que eu não quero mais solidão

Palavra do Dia!



Baile

Um baile de mascara
Mais um sinal
E a porta escancara
Pegue-a pela mão
Conduza até o meio do salão
Um beijo de leve nos dedos
A cintura nas mãos
Faz gritar o coração
Ela nao tem nome
E nem definição
Mal sabe ele que seu nome é paixão
Um passo pra direita
Quando a musica começar, é fácil
Não se atrapalhe
Um pra lá e dois pra cá
Um rodopio pra ficar tudo perfeito
Um aceno ou reverência talvez
Que lhe procure uma outra vez
A multidão jah se espalhou
Um lenço branco no bolso do paletó ela deixou
Mascarada a menina
Pobre colombina
Pra amenizar o amargor
Se apaixonou por Pierrot
Pra quando a dor passasse enfim
Fosse sorrir pro arlequim
No meio do baile de mascaras
Pierrot perdeu seu coração
No lugar o lenço branco
Assinado com um beijo
Uma paixão

Palavra do Dia!



Espelho

Te vejo em meu espelho
Reflexo reverberado e sem jeito
Expressão sonhadora e atonita solidão
Fragmentos coloridos
Me rasgam a carne e o vestido
Reflexo torto e cheio de defeitos
Só mais um fantasma
Tendo em frangalhos o peito
Essencial virtual
Personagem irreal
Te vejo no espelho
É esse meu reflexo
E enfim tenho medo

Palavra do Dia!


Vou-me

Eu vou me embora
Vou juntar meu pouquinho de sonho
e bem no fundo da mala,
guardo aquele mais tristonho

Vou-me pra onde o coração couber
abrigar-me onde der
Deitar a cabeça em uma pluma de esperança
sonhar que eu volto a ser criança

Vou-me pro lugar que o caminho me levar
pro coração poder descansar
pra nenhuma lágrima derramar
e pro sono esperar

Vou-me pra nunca mais voltar
vou sem nem ao menos te abraçar
que sua ausência não seja sentida
que eu vou por não ter lugar em tua vida

Palavra do Dia!


Ursinho

Me deixa ser seu ursinho de dormir
pra te abraçar quando se sentir só
pra chorar quando a garganta der um nó
e te amar sem você sentir

Deixa eu ser refúgio dos seus medos
poder te velar com meus grandes olhos de vidro
deixa eu de algum jeito ser seu abrigo
e te emprestar os ouvidos pros seus segredos

Deixa eu ser herói no seu pesadelo
Derrotar monstros com escudo e espada
Pra você acordar na gargalhada
E ver um sorriso no espelho

Deixa eu ser anjo e fada
Que te protege e afaga
Pra quando você acordar
Sorrindo calada me encontrar

E se você crescer,
sempre existe o anoitecer
Se me deixar pra juntar pó
Volta quando estiver só

terça-feira, 3 de julho de 2012

Devaneios

Simples assim


Amar seu olhar
seu cheiro
e esperar você voltar


Amar seu cabelo
tua barba mal feita
te enxergar no meu espelho


Amar suas mãos
e nelas entregar
de vez meu coração


Amar teu caminhar
correr pra janela
pra te ver passar


Amar teu sorriso
e ainda mais
quando sorri comigo


Amar teu jeito de dormir
sonhando acordada
te velando daqui


Amar tua alegria
e desejar com força
tuas conquistas


Simples assim

terça-feira, 19 de junho de 2012

Palavra do Dia!


Entre

Seu toque, seu sorriso
Alternância de sentidos
Meu coração batendo
No teu olhar me perdendo

Na terra, a flor desabrocha
No peito, um amor aflora
Canção singela
Paixão tão terna

Ritmo do corpo que dança
O coração que se cansa
Mãos que se tocam
Palavras que calam

O mormaço confinado
O abraço desejado
Carícia secreta
No teu corpo me aperta

O arrepio frio na espinha
A tua boca na minha
O calor no baixo ventre
O peito que se rasga: Entre!

Palavra do Dia!



Passos

Os passos
Rápidos, cada vez mais rápidos
O medo do folego não aguentar
Rápido pra correr e se esconder

O vento
O vento que corta que estilhaça
O vento que suave me abraça
Me confunde e me espalha

O corpo
O corpo que reclama a força
Corpo vestido de estopa
E que só quer descansar

As mãos, os olhos e a boca.
E tudo o que não cabe na bolsa
Que precisa de refugio, abrigo
Quer virar brisa, ser solta

Os passos
Que já não correm mais
Os olhos
Que não olham pra trás
O vento
Que se esqueceu de soprar
E o peito
Que parou de respirar...