“A poesia não se entrega a quem a define.


Mário Quintana


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Devaneios


Acordei como se saudade fosse uma dor de dente

Que aperta bem lá no fundo, mas espalha por toda a cabeça e logo você já não sabe onde começa a dor... E ela apertou no peito, espalhou até me deixar meio zonza, e as lágrimas começarem a sair dos olhos involuntariamente encharcando o rosto e umidecendo a camiseta surrada do pijama.
Corri pro espelho tentando salvar a alma que parecia que queria pular também pelos olhos, tentei segurar, mas saíam só lágrimas, e as mãos tornaram-se pesadas, o fardo maior do que eu podia carregar, a boca já sentia todo o suor da alma, o salgado das lágrimas, o sabor da saudade que eu ainda tinha pra derramar.
Despi o pijama numa pressa descontrolada, querendo lavar o corpo como se a saudade fosse também sujeira, além de sabor e dor de dente que escorria num todo por mim... A água correu gelada incomodando a espinha, arrepiando os pêlos do braço e fazendo a respiração ofegar, depois descansando a testa no azulejo a saudade desceu pelo ralo e eu pude sair de casa vestindo um sorriso bonito escolhido a dedo da gaveta, depois de enxugar o resto de saudade na toalha que eu esqueci em cima da cama...

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