Sou desajustada sim!
Daquelas bem bipolares... Que chora vendo
comercial de margarina e sai batendo o pé quando começa propaganda de
supermercado...
Que devora um pote de sorvete de 200g e
depois arrependida sobe de 15 em 15 minutos na balança pra ver se o peso
continua o mesmo, e olha com revolta até pra folha de alface, como se ela fosse
a culpada pelas calorias ingeridas anteriormente...
Que chora ouvindo músicas tristes, mas
quando a playlist é alegre, fica revoltada e procura uma música que façam os
olhos enxarcarem pra ficar se lamentando depois...
Sou a desajustada que conhece bem os
olhares dos próprios amigos pra saber quando não estão bem e que finge ao
máximo pra que ninguém desconfie que a unha quebrou ou que tomou um bolo do
cara que estou caindo de amores (embora por dentro ainda ache que deva ser
indicada pra receber um Amy ou um Tony por ser tão “boa” Atriz (fingidora))...
Sou a desajustada que ingere sem culpa
seus comprimidos de estabilizador de humor pra depois bater no peito e dizer
que não preciso disso (Ah se soubessem!)
Aquela que se apaixona por alguém uma vez
por mês, mas ama um ou dois eternamente... Das pequenas alegrias, das euforias
momentâneas e tristezas perenes, das poesias queimadas e prosas frustradas, das
sessões infindas com a psicóloga que virou quase meu diário, porque nem eu sei tanto de mim quanto ela... Das manias e loucuras que todo mundo tem um
pouco, santidades e atrocidades pessoais e intransferíveis como bilhete único e
RG.
Dos amigos de conto de fada e operetas
que ninguém assistiu, dos choros e velas que esqueceram de apagar, dos perfumes
e crises que esqueceram de pintar, das cores e figurinos que ainda não vestiram
no camarim...
Da desajustada que tem certeza que
ninguém mesmo é tão normal... E que parece ser tão feliz assim!
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